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—  Poema "Estação Primeira", do livro Guardanapos (7Letras, 2014)

O louco motivo

que me conduz

não segue os trilhos

apenas a luz.

 

Biografia

Radialista. Poeta. Jornalista. Botafoguense.

1948

Nasce no dia 9 de setembro, na Casa de Saúde São José, Humaitá, Rio de Janeiro, quinto de uma numerosa família de dez filhos. Filho de Eurípides Cardoso de Menezes e Maria Ottoni de Menezes. 

Anos 1950-1960

Cresce em Botafogo jogando bola, matando aula e mudando de escola. Inicia amizades com pessoas que farão parte de sua vida, entre eles, Nelson Pires de Moraes, o Maninho, amigo por toda a vida. 

Faz o ginásio no colégio São Bento. 

Flagrado, mais uma vez, matando aula, passa seis meses no internato do Liceu Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora, em Campinas. Torna-se “o carioca” ponta-esquerda do time do colégio, o que abranda o sofrimento da distância. 

Aprende sozinho a tocar trompete.

1968

No Rio de Janeiro, forma-se no clássico no Colégio Santo Inácio, e entra para a Faculdade de Direito Candido Mendes, mas desiste dois anos depois. 

1970-1971

Viaja para Nova York para morar com sua irmã Regina. Coincidentemente assiste, ao vivo, ao funeral de Louis Armstrong, seu ídolo no trompete. Passa bem pouco tempo e, sem rumo e sem trabalho, acaba voltando para o Brasil. 

Mete o pé na estrada, roda o Brasil de carona por vários meses.  

Foi ator na peça A dança da Lebre Celeste, com direção de Mossa Ossa, no Teatro Ipanema, Rio de Janeiro, e no Teatro Oficina, São Paulo. 

Torna-se um ponta-esquerda disputado nos jogos do Caxinguelê e no Passa a Bola Meu Bem, em memoráveis clássicos contra o Novos Baianos F. C., e ainda em jogos do time Trem da Alegria, que o ex-jogador Afonsinho reunia junto com Nei Conceição e artistas, entre os quais, Paulinho da Viola, Moraes Moreira, Fagner e Abel Silva.

1977

Inicia sua carreira radiofônica na Rádio Roquette Pinto, no Rio de Janeiro, a convite do poeta Xico Chaves, como produtor e apresentador do programa

Panos e molambos – poesia sem azia.

Na mesma rádio foi produtor e roteirista da série

Uma data para lembrar.

Muda-se para Brasília, produz e apresenta o programa Radioatividade, na Rádio Independência. 

Logo depois vai para Rádio Nacional de Brasília e torna-se produtor, redator, editor e apresentador do programa Rádio postal em ondas curtas para toda a Amazônia.

Trabalha como repórter no jornal Correio Braziliense.

Torna-se radialista e jornalista profissional. 

Produtor, redator, editor e apresentador de programas especiais com artistas da MPB, Rádio Nacional FM, Brasília.

1979

Nasce sua primeira filha Tainá, com Lícia Nara de Carvalho. 

1980

Dirige e apresenta o programa Paulinho da Viola especial, TV Brasília, DF. 

1981

Coordena em Brasília o Jornal da Feira, um informativo radiofônico voltado para a defesa do consumidor na área de alimentos. Entre os estagiários, está Renato Manfredini, jovem estudante de jornalismo, mais tarde Renato Russo.

Muda-se para Salvador e vai trabalhar como produtor na TV Itapoan e na Rádio Sociedade da Bahia.

Produz o Trio Elétrico Novos Baianos, no Carnaval de Salvador.

1981

Nasce seu segundo filho Caetano, com

Elaine Antunes Ruas.

1982

Produz o Trio Elétrico Massa Real, no Carnaval de Brasília, patrocinado pela TV Globo e Detur/DF.

Entre 1982 e 1983 produz, para o Circo Voador, Rio de Janeiro, shows musicais de bandas como Blitz, Legião Urbana, Brylho, entre outras.

Joga nas onze e vai para Porto Alegre implantar um serviço de comunicação na Cobal/RS – Companhia Brasileira de Alimentos.

É o produtor executivo do show As aventuras da Blitz, em Brasília. Nesse show, Renato Russo escreve pedindo que ele articule uma participação da Legião Urbana, banda que acaba de formar em Brasília, para abrir o show. Depois de muito insistir, a Blitz só deixa que eles entrem depois do show, e o público, que já estava saindo, volta no primeiro acorde de Renato Russo. 

1983

Entra para a Rádio Globo FM como locutor e apresentador, permanecendo até 1987.

1984

Trabalha no setor de divulgação do Theatro Municipal do Rio de Janeiro até 1988.

1985

Nasce seu terceiro filho Bruno, com Patrícia Franca de Faria Mello. 

É um dos locutores da Globo FM na 1a edição do Rock in Rio, transmitindo shows de Baby Consuelo e Pepeu Gomes, Queen, James Taylor, George Benson, Os Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Yes, Blitz, Barão Vermelho, entre outros. 

1986

É produtor, redator, editor e apresentador do programa Elis, muito especial, Rádio Globo FM, Rio de Janeiro.

Bilhete de Renato Russo.

Publica, pela primeira vez, suas poesias no suplemento literário Letras&Artes do Instituto Municipal de Cultura – RioArte. 

1987

Na Rádio D’El Rey FM do Rio de Janeiro é locutor e no ano seguinte passa a ser também produtor, redator, editor e apresentador do programa Elvis Especial.

1988

Torna-se editor e apresentador do programa radiofônico Chegando no pedaço, veiculado pelas Rádios Capital, Guanabara e Tamoio e patrocinado pelo Ibase, de Herbert de Souza, o Betinho.

Nasce seu quarto filho Felipe, com Patrícia Franca de Faria Mello

1989

É o locutor oficial do último comício de Lula na Candelária antes da votação, na histórica campanha contra Collor. Conduz mais de 1 milhão de pessoas. 

1991

Durante os preparativos para a RIO 92 – Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em junho de 1992, foi o produtor, redator e apresentador do programa ambiental, Nosso planeta, na Rádio Jornal do Brasil AM e locutor/apresentador da Rádio Jornal do Brasil FM. 

1990

Conhece Claudia Pinheiro, vão viver juntos,

mas separam-se dois anos depois. 

1992

Repórter entrevistador do programa Encontro com a imprensa, Rádio Jornal do Brasil AM, Rio de Janeiro.

Participa do CEP 20000 – Centro de Experimentação Poética, comandado pelo poeta Chacal no Espaço Sérgio Porto, Rio de Janeiro. 

É convidado para dirigir a Rádio Cultura FM de Brasília, onde fica até 1994, renovando sua grade e implantando novos programas. 

Torna-se também, o apresentador de programas clássicos da emissora como Anjos da noite (blues) e Jazz point, ambos ficaram no ar até 1995.

1994

Apresenta o programa Segunda de ouro, na Rádio Nacional de Brasília (como editor e redator) e na TV Nacional, Brasília.

É nomeado superintendente de Rádio e Televisão da Fundação Roquette Pinto de Brasília.

1996

É editor, redator e apresentador do programa radiofônico Louco por ciência­, programas diários de três minutos de duração, com foco na abrangente pauta de atividades de ciência e tecnologia (três inserções/dia), na Rádio Cultura FM, Brasília e fica no ar até 1998.

1995

Nasce Clara, sua quinta filha,

com Patrícia Franca de Faria Mello.  

1998

Volta para o Rio de Janeiro.

1999

Vai para a Universal Music e durante um ano trabalha como assessor de imprensa da cantora Beth Carvalho.

2000

Dirige, junto com Renato Ferreira, o documentário

Pagode do trem.

2001

Editor do programa Esporte prêmio.

Veiculação nacional, TV Record.

Locutor e apresentador da Rádio Globo FM. 

2002

Coordena a programação da Rádio Viva Rio – AM e via internet. Reedita seu programa Chegando no pedaço, como diretor e apresentador. 

Apresenta o programa Baía limpa, veiculado pela Rádio CBN e emissoras comunitárias do Estado do Rio de Janeiro.

Realiza oficinas de Formação Radiofônica no Morro do Timbau, no Complexo da Maré, Rio de Janeiro; da equipe da Rádio Manguezal FM, Distrito de Itambi, em Itaboraí (RJ); Rádio Pedra Branca, em Bangu, Rio de Janeiro e para correspondentes comunitários do Portal Viva Favela/Viva Rio. 

Com o Criar Brasil, de abril de 2002 a dezembro de 2005, apresenta com Rosângela Fernandes, a série de programas Sintonia Sesc-Senac

Apaixonado pelo significado da Rádio Nacional do Rio de Janeiro se oferece para assumir a sua direção. 

Reencontra Claudia Pinheiro, casam-se e ele escreve: “você tem a senha dos meus sonhos...”. Tornam-se inseparáveis e viajam para diversos lugares buscando novas descobertas. 

2004

A inauguração das novas instalações da Rádio Nacional ocorre em 2 de julho com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O novo auditório foi inaugurado com o espetáculo, organizado por ele e apresentado pelo ator Gracindo Júnior, com um conjunto regido pelo maestro Ivan Paulo e participação de grandes nomes do Rádio Nacional como Jamelão, Cauby Peixoto e as rainhas Emilinha Borba e Marlene, além de Carmélia Alves.

2003

Torna-se chefe do Escritório Regional da Radiobrás, no Rio de Janeiro e tem como atribuições do cargo a Direção da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, realiza seu sonho e coordena o processo de revitalização da emissora.

Na Rádio Nacional, apresenta e dirige, entre 2004 e 2005, Tema livre, programa diário de debates sobre temas relevantes do processo político, social, econômico e cultural do Brasil.

Participa do projeto Saraus republicanos – a música na República de Getúlio de concepção, produção e direção de Didu Nogueira, estrelado por Áurea Martins e Alfredo Del Penho, com a apresentação da atriz Bete Mendes e do teatrólogo Nelson Rodrigues Filho

É convidado a moderar o painel “Emissoras públicas internacionais: interação com a América Latina”, no IV Encontro Latino-Americano de Rádios Nacionais, Brasília.

2005

É convidado pela Unesco para participar do III Seminário Internacional de Los Archivos Sonoros e Audiovisuales – La Preservación de La Memória Audiviosual en la Sociedad Digital, na Escuela Nacional de Conservación, Restauración y Museografia Manuel Del Castillo Negrete, na Cidade do México, na oficina de “Conservação preventiva de materiais sonoros e audiovisuais”. com Dietrich Schüller, do Arquivo Fonográfico da Academia de Ciências e Artes, da Áustria, e Fernando Osório, da Rádio Educación, do México. 

Cria na Rádio Nacional do Rio de Janeiro o programa Época de ouro, programa semanal, com o tradicional conjunto de choro Época de Ouro e convidados especiais, transmitido ao vivo do auditório da Rádio Nacional. Torna-se o apresentador e diretor geral do programa. 

Participa com seus poemas da antologia

República dos poetas, organizada por Ricardo Ruiz,

Museu da República, Rio de Janeiro.

2006

Após discordar dos rumos dados à revitalização da Rádio Nacional, demite-se do cargo de diretor e vários programas criados em sua gestão são suspensos. O conjunto Época de Ouro em solidariedade interrompe o programa.

2007

Para a Rede de cidadania nas ondas do rádio

– Criar Brasil, Centro de Imprensa, Assessoria e Rádio, com o patrocínio da Petrobras, atua como diretor, roteirista e radioator de radionovelas sobre variados temas. 

Ainda com o Criar Brasil atua como roteirista dos programas de prevenção do câncer para a Rádio Inca – Informação e Saúde, Instituto Nacional de Câncer.

Ministra a oficina de locução para a formação da revista radiofônica da Agência Pulsar destinada às rádios comunitárias para alunos da Universidade Federal Fluminense – UFF, Niterói (RJ).

Roteiriza para o Fórum Nacional de Reforma Urbana os programas Direito à cidade; Experiências autogestionárias; Despejos e Participação nos espaços para a mudança. 

É coordenador, roteirista, editor e apresentador da série

Se liga Baixada sobre os Jogos Intermunicipais da Baixada Fluminense. Veiculação em emissoras comunitárias da região. 

É nomeado gerente regional de Rádio da Empresa Brasil de Comunicação – EBC, tendo sob sua gestão as Rádios MEC AM, MEC FM e Rádio Nacional do Rio de Janeiro. 

Por escassez de pessoal no Departamento de Esportes da Nacional entra, literalmente, em campo no Maracanã para completar o “time” de repórteres da Rádio Nacional.

Cria, na EBC, o Núcleo de Radiodramaturgia, com a veiculação semanal de programas inéditos a partir de textos literários/dramatúrgicos.

2008

Realiza com a Dois Um Produções o show Tributo a Jacob do Bandolim, com o conjunto Época de Ouro, atuando como produtor, diretor artístico e apresentador, no Projeto Caixa Cultural, teatros da Caixa de Curitiba, Brasília, São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro. 

2009

Coordena para a EBC a cobertura da eleição do Rio de Janeiro para sede dos Jogos Olímpicos de 2016, em Copenhague, Dinamarca, ao vivo diretamente da Praia de Copacabana. 

Inicia uma luta apaixonada para o tombamento, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro como patrimônio imaterial e do edifício A Noite, sede da rádio no Rio de Janeiro.

Nasce sua querida neta Mila, filha de Tainá.

2012

Apresentador, com Renana Lessa, do especial

Rádio no Brasil: 90 anos da primeira transmissão oficial, TV Brasil, ao vivo do Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro.

Apresentador e roteirista do especial de Natal

Época de Ouro, lenda viva do choro, TV Brasil.

2010

Casamento da filha Tainá.

O programa de auditório Época de ouro passa a ser transmitido ao vivo e apresentado por ele, diretamente da Sala Funarte Sidney Miller, no Rio de Janeiro.

Aluga um apartamento em Paris, escreve poemas e prepara-se para lançar seu livro. 

2013

Manobras políticas o afastam da Gerência Regional de Rádio da EBC, mas permanece na empresa como assessor na área de acervos, dedicando-se, entre outras atividades, ao processo de criação do Museu da Rádio Nacional. 

2014

Sempre buscando novos caminhos, faz curso de Interpretação para TV e Cinema com Cécil Thiré na Casa das Artes de Laranjeiras – CAL.

Lança pela editora 7Letras seu livro de poesias Guardanapos e, feliz da vida, passa a dizer seus poemas em bares, teatros, praças, livrarias, festas e feiras literárias.  

Participa, com o Criar Brasil/Inca, da oficina de capacitação Vozes pela Prevenção, em Manaus, região norte do Brasil, para as populações ribeirinhas e indígenas. 

Participa do sarau Trem da Central, coordenado pelo poeta Chacal na Biblioteca Parque Estadual do Rio de Janeiro.

Viaja para Colômbia. Depois para Paris, passando por Lisboa, onde cada vez se sente mais em casa e inicia contatos com rádios portuguesas para elaboração de projetos de MPB. 

2015

Participa da Ocupação poética, com Luís Turiba e Paulo Sabino, no Teatro Cândido Mendes do Rio de Janeiro. 

Participa do programa Mano a mano com a poesia, com o poeta Mano Melo, na Rádio Roquette Pinto.

Participa como poeta convidado da Festa Literária de Santa Maria Madalena – Flim, que teve como principal homenageado o poeta Thiago de Mello, que, na ocasião, lê o poema “Trilhas”, de autoria de Cristiano.

Viaja para o Uruguai e Argentina e no fim do ano para Portugal, permanecendo mais tempo e onde planeja, junto com Claudia, ficar grandes temporadas.

Mais uma vez, por mudanças de rotas e de interesses políticos, é demitido da EBC. Decide seguir em frente dedicando-se à poesia, projetos muito especiais com sua Claudia e com sua filha Tainá, e não abandonar a luta pela memória da Rádio Nacional e do edifício A Noite. 

2016

Conduz e apresenta na Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles, o especial Jorginho do Pandeiro

e o pandeiro no Brasil.

Finaliza o ano escrevendo: Escrevo e viajo. Em todos os sentidos. Brinco nas onze, e me mantenho inquieto e preparando novo livro. 

Inicia um projeto com Sérgio Cohn, Luís Turiba, Durvalino Couto e Demetrios Galvão para a realização da 1ª Festa da Palavra e Poesia de Teresina (PI), que teria como homenageados os poetas piauienses Mário Faustino e Torquato Neto, na proximidade dos 50 anos da tropicália e dos 60 anos da poesia concreta. Com seu falecimento o projeto não teve continuidade.

Participa da antologia Trinta anos-luz: poetas celebram 30 anos de Psiu Poético, organizada por Aroldo Pereira, Luís Turiba e Wagner Merije (Ed. Aquarela Brasileira). Viaja para Belo Horizonte para o lançamento no Palácio das Artes e sente-se mal. Dias depois é diagnosticado com câncer em estado avançado.

Já doente, participa do time de entrevistadores do depoimento de Jorge José da Silva, o Jorginho do Pandeiro, 86 anos, da série de depoimentos Memória viva carioca, da Casa do Choro, no Rio de Janeiro. Ao fim, já debilitado, recebe uma homenagem discreta dos músicos presentes que já sabiam do fato. 

Falece no dia 1º de setembro, na Casa de Saúde São José,

no Rio de Janeiro. 

 

Em sua missa de 7o dia na Igreja de Santa Margarida Maria na Lagoa, Rio de Janeiro, alguns músicos do Época de Ouro interpretam Vibrações, de Jacob do Bandolim, sua música preferida. Pouco tempo depois, Antônio Rocha, flautista do grupo, compõe a valsa Vida que segue (um bordão seu dito com frequência nos seus programas), dedicada a ele.

 

Seu amigo Luís Turiba lê um dos seus últimos poemas: 

Vida que segue - Antônio Rocha
00:00 / 00:00

Garrafas ao mar na madrugada

Mensagens à mercê das marés

Leio cada onda que quebra

Garimpo respostas nas espumas

(1948-2016)

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